segunda-feira, 10 de junho de 2024

A Criatividade enquanto Ferramenta em jogos Old School.


O potencial criativo refere-se à capacidade do indivíduo para gerar algo novo e útil — Sternberg & Lubart, 1999 em The concept of

creativity prospects and paradigms, capítulo do livro Handbook of Creativity 


 Uma das características mais requeridas em qualquer área de conhecimento e trabalho é a criatividade. Pessoas criativas tendem a resolver problemas e contribuir para o desenvolvimento na área que aplicam tal competência.

Em jogos não é diferente. Todavia, existe uma tensão em alguns RPGs entre a capacidade dada pela mecânica aos personagens e as boas ideias de um jogador. Testemunhei algumas boas ideias sendo impedidas porque o personagem não possuía algum tipo de recurso mecânico que permitisse aquilo.

Em contrapartida, o movimento OSR me parece reverter essa lógica e priorizar a criatividade do jogador sobre as mecânicas que poderiam limitar um personagem. Embora possa ser um tiro no pé e um espaço indiscriminado para a arbitrariedade do Mestre, a filosofia desse estilo de jogo preza pela arbitragem e pela prioridade da emergência ficcional.

Mais do que buscar uma solução ligada a uma mecânica, a questão se centra, portanto, naquilo que está descrito na citação: gerar algo novo e útil.

Pensar uma partida por meio dessa chave requer uma virada de chave. Significa, muitas vezes, readaptar planos e situações e compreender, enquanto mestre, que uma boa ideia vale mais que um teste para resolver um desafio posto.

Da mesma maneira, para o jogador, significa compreender que um teste não é o suficiente para lidar com a narrativa que emerge do jogo. A ficha do personagem é menos um recurso a ser usado como estratégia de resolução de problemas e mais uma referência para certas diretrizes da ficção.

O Old School lembra que, em resolução de problemas, é preciso pensar para jogar melhor. Pensar de um jeito específico, capaz de gerar algo novo que reduza riscos e evite rolagens de dados desnecessárias.

Diante disso, cabe a pergunta: como não menosprezar a criatividade enquanto pedra angular da dinâmica do jogo? Segue abaixo alguns preceitos que me ajudam nisso.

Perguntas e Perguntas

Criatividade e curiosidade andam juntas. Se você é um Jogador, pergunte sempre sobre o ambiente, sobre os adversários. Enfim, force descrições pelo Mestre e explore-as. Se você for um Mestre, pergunte ao jogadores como eles farão o que desejam. Faça-os refletir e comunicar os procedimentos que eles acreditam ser possíveis de serem aplicados na situação.

Valorize o Senso Comum

Como as ciências humanas atestam, o senso comum é, mas não somente, um conhecimento voltado à prática, a resolução de problemas via experiência. Em jogo, uma boa maneira de usar a criatividade como ferramental é construir problemas e resoluções, levando em consideração tanto o senso comum do jogador, quanto as experiências que foram construídas no jogo. O que significa diminuir a postura “qual teste?” e abraçar “ faço dessa forma, porque…”

Gerenciamento de Recursos

Por fim, é sempre o bom lembrar que as boas ideias dependem dos recursos corretos. Itens comuns podem salvar vidas e são parte importante das aventuras. Portanto, Mestres precisam pensar os desafios, levando em conta os itens disponíveis ou não no jogo e os Jogadores precisam prever, a partir das informações que possuem, o que será necessário e o que não é para a sobrevivência.

Seria possível falar sobre muito mais coisas, porém, deixo o restante com você. Sinta-se convidado a falar como o potencial criativo pode ser usado por Jogadores e Mestres.

Até o próximo post!

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