quinta-feira, 7 de julho de 2011

Morrendo Como Mestre Ressuscitando Como Moderador-

Olá senhores e senhoras que acompanham o Falando de RPG! hoje a intenção é falar um  pouco sobre as novas experiências que ando tendo como narrador de RPG, especificamente a concepção de mestre moderador.
Bem, como todos sabem um narrador de RPG é o responsável pela construção da história, ele é o planejador e também o arquiteto do mundo que servirá de pano de fundo para a épica aventura, que os jogadores encarnando seus personagens viverão. Neste sentido, o mestre, ao meu ver, é o responsável pelo estabelecimento de tensões que os jogadores deverão responder, tais tensões são permeadas de um contexto, uma descrição, um espírito em particular, surgido na maioria das vezes da consciência do narrador e sem nenhuma participação dos jogadores.
O que eu quero dizer mais precisamente com isso é que cabe ao mestre a descrição dos itens, das cenas, dos monstros, enfim o narrador projeta imagens diante dos seus jogadores e estes participam passivamente do complexo processo de imaginação coletiva, contudo precisa ser sempre assim?
A resposta obviamente é não. O narrador não é o único construtor em um grupo de RPG, os jogadores também o são potencialmente e como tal precisam ser estimulados a isso, entretanto para que tal coisa ocorra é necessário que o mestre abdique de sua "autoridade" e a divida com os jogadores, faz-se então preciso que se morra como mestre e se ressuscite como um moderador, mas o que seria de fato um moderador?
Um moderador é um narrador capaz de manter em ordem uma narração interativa e coletiva entre jogadores, ele compartilha a arquitetura da imaginação coletiva com seus parceiros de jogo, deixando em aberto a projeção de certas, ou para os mais audaciosos de todas, as imagens que por ventura venham surgir dentro do ambiente de jogo.
Dessa maneira não será mais unicamente dele o papel da construção do mundo nem das tensões que guiarão a campanha, seu papel principal será a trabalhosa tarefa de ponderar o que estará ou não de acordo com aquilo que foi determinado como a atmosfera da campanha, fazendo com que ela se encaminhe para seu derradeiro final.
O que é preciso para ser um moderador? Primeiramente compreensão e bom senso para saber que a história pertence e sempre pertencerá a todo o grupo e não apenas ao narrador, sim este deve preparar, planejar encontros sociais e físicos, mas deve entender que as coisas possivelmente sairão dos trilhos que ele pensou, o que nos leva ao segundo ponto.
O moderador deve saber improvisar e consequentemente deve ter criatividade, o jogador cria uma situação, nela há grandes possibilidades e que provavelmente divertirão o grupo de uma maneira inesperada, diante dessa situação um moderador deve usar a oportunidade, independente se isto jogue fora ou adie as duas horas de preparação antes da mesa.
Um outro ponto importante é a atenção, um bom moderador deve ter o máximo de atenção possível para captar coisas interessantes que os jogadores criam durante os momentos que estes assumirem a narração, por isso sempre tenha em mão um caderno, uma folha de papel, ou algo do tipo para tomar nota de coisas importantes e que provavelmente você possa e deva usar em outras sessões da campanha.
Por ultimo, um moderador planeja, tendo sempre em mãos o material para anotação de ideias, encontros extras, uma lista de nomes, enfim acessórios que venham a ser uteis na mesa e permitir mais riqueza nas narrações dos jogadores e nas dele, fazendo com que o jogo dessa maneira nunca se perca, mas continue sempre divertido e dinâmico.

Por hoje é só deixem suas opiniões nos comentários e fiquem com meu forte abraço!!! 

5 comentários:

  1. Fala Álvaro!

    Bom, eu ainda não dominei a arte de mestrar em sua forma "tradicional", e muito menos "a narrativa compartilhada", portanto segue minhas opiniões e duvidas sobre seu post:

    Quando você diz: "cabe ao mestre a descrição dos itens, das cenas, dos monstros, enfim o narrador projeta imagens diante dos seus jogadores e estes participam passivamente do complexo processo de imaginação coletiva"

    Não sei se concordo com esse pensamento. Eu entendo como relação-jogo, entre Narrador e Jogador, um forma totalmente diferente dessa. Vou explicar: vejo o Narrador como uma força passiva/criativa no jogo, criando o mundo e seus habitantes e esperando a ação/reação da força ativa/criativa, que são os Jogadores.

    Exemplos: O Narrador coloca um muro na frente dos Jogadores, em seguida esses Jogadores vão escolher a maneira de superar esse muro (explodir, escalar, cavar, voltar...). Outro: O mago escraviza a população de uma cidade para escavar uma área e encontrar um poderoso item, e os Jogadores vão (batalha aberta ou a tática de infiltração, aliança com o mago e depois traição...).

    Eu acredito que essa narrativa "tradicional" já é de fato uma "narrativa compartilhada", por entender que o mundo (Narrador) e as ações dos personagens (Jogadores) constroem a história (Narrativa).

    Porém acho que agora entendi o espírito dessa "narrativa compartilhada" citada no post. É o jogo onde todos possuem essa força passiva/criativa, e o Moderador (Narrador) julga o que pode e que não pode.

    Exemplo: Um dos Jogadores (mais provável o Moderador) diz que existe um muro, outro diz que o muro mesmo resistente e com reforço está corroído em parte de sua base. Outro: Um dos Jogadores diz que o mago escravagista é conhecido por ser mulherengo, portanto a bela feiticeiro do grupo é a melhor opção em uma infiltração.

    Dúvida: Eu acertei, a narrativa interativa/coletiva é isso?

    PS: Desculpa pelos exemplos simplórios!

    Continua...

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  2. Sim DM essa é a ideia da coisa. Mas, vamos por partes sobre sua primeira colocação disse que os jogadores tinham um papel passivo porque geralmente eles apenas reagem ao que o mestre coloca na mesa, como seu próprio exemplo do muro, tipo não foi nenhum dos jogadores que criou o muro, mas sim o mestre como forma de desafiar os jogadores que por sua vez tem que reagir a esse desafio.

    No seu segundo ponto você pegou o centro da coisa, você captou a ideia da construção coletiva ,veja bem novamente o seu exemplo do muro, o mestre criou o muro, no entanto permitiu um dos jogadores determinar o estado que o muro estava, resumindo ele interferiu em algo que tradicionalmente é papel do mestre, a construção do cenário e dos desafios que este proporciona.

    No seu segundo exemplo você também mostrou clareza no entendimento sobre o uso da narrativa compartilhada, pois em seu exemplo do mago um dos jogadores teria proposto uma qualidade ao pdm, novamente algo que tradicionalmente é papel do mestre.

    Bem espero ter ajudado e seus exemplos foram ótimos, qualquer coisa é só perguntar, um dica que eu dou é você procurar nos podcasts do Tio Nitro aquele que fala sobre o assunto, aprendi muito com ele.

    Valeu e até a próxima

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  3. Bom, após sua confirmação e uma breve pesquisa, agora eu posso dizer que entendi o conceito dessa variação de "Narrativa".

    Além de concordar, também acrescento algumas opiniões, questionamentos e constatações feitas após uma também breve reflexão:

    Todos na mesa teriam que possuir esse "bom senso" narrativo, e isso ao meu ver se desenvolve narrando, portanto todos os membros do grupo teriam que possuir essa experiência . Esse estilo de jogo tem uma maior chance de dar certo quando o grupo é formado por Narradores com alguma experiência, tornando essa modalidade uma narrativa para poucos? (Eu pergunto). Pois mesmo com um bom moderador, não poderia haver muitas paradas para discussões ou votações sobre uma idéia.

    Não consigo pensar em outro estilo de narrativa mais improvisada que essa, pois se surgirem ótimas idéias uma atrás da outra a narrativa pode tomar caminhos inimagináveis. Portanto, acredito que o material de apoio (como você mesmo disse) é mais importante que o preparo antecipado da aventura (que pode até ser dispensado por completo - isso se você tiver o XP do Tio Nitro :P).

    Vejo uma diminuição drástica na rolagem de dados nesse formato narrativo. Confere? Isso ocorre mesmo?

    É isso... considerações e questionamentos finais feitos.

    Valeu Álvaro e até +

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  4. Bem a imprevisibilidade numa narrativa compartilhada é de fato bem maior do que na narrativa tradicional e sim o rolamento de dados é bem menor também, por exemplo na minha ultima sessão de jogo não tocamos nos dados.

    Sobre sua primeira pergunta, eu não acho que seja uma narrativa para poucos, nem apenas para jogadores de grande experiência, muito pelo contrário jogadores experientes têm muitos vícios em relação aos jogos e isso acaba interferindo na narração, para mostrar um exemplo concreto vou contar resumidamente uma experiência que tive com primos meus.

    Eles nunca haviam jogado RPG e bem eu não precisei explicar o conceito de narração compartilhada, pois intencionalmente eles envolviam os personagens na história de uma forma muito habilidosa, eles não se preocupavam com danos, perda de equipamentos ou ganhos, eles apenas faziam a história ficar ainda mais interessante, um deles por exemplo narrou uma cena que seu personagem era ferido pelo monstro simplesmente para deixar a história mais legal e verdadeira, ilustrando como o monstro era forte e como eles não poderiam vence-lo sem a ajuda de um determinado item mágico.

    Eles eram crianças e eu me apaixonei pela forma com que eles jogaram, preocupados coma história, se divertindo no contar e construir a trama, algo que faz tempo que não via de forma tão profunda, isso foi um acontecimento que sempre levarei como exemplo para minha vida de jogador e narrador.

    Bem, enfim é isso, espero ter ajudado abraço DM e até mais ver!!

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