Olá leitor e leitora! Hoje estamos trazendo para vocês um pequeno conto cheio de ação para inspirar e entreter um pouco você, espero que gostem!
Pare e
pense. Respire Fundo. Chegou a hora.
Posso sentir meu coração rugir dentro do meu peito e em minha testa
gotas pesadas de suor dançam entrando nos sulcos que formam minhas
linhas de expressão.
Chamas bruxuleiam. A noite é fria e escura. Mas alguns telhados lá
fora queimam.
Pare e
pense. Observe e haja. Chegou a hora.
Aperto a espada. Envolvo o couro que cobre o cabo com meus dedos
escorregadios. Minha mão treme e insiste em me lembrar que aquelas
criaturas são feras selvagens. Desejo permanecer escondido, imóvel
atrás da tapeçaria, mas não posso, eu empunho a espada do barão.
O barão que os monstros assassinaram.
Agora estão lá, próximo a mesa de banquetes, fungando as mulheres
com seus focinhos de porco e lambendo suas presas enormes enquanto
crianças acorrentadas tremem em choro mudo sob a débil sombra do
trono de pedra e homens contorcem-se em impotência. Apenas duas
criaturas, armadas com machados e vestidas com corseletes de tecido
mal cheiroso e mesmo assim todos os três guardas, o barão, sua
esposa e seus filhos estavam mortos.
Só sobrara eu, um servo, de talento com a espada é verdade, mas
condenado pela falta de linhagem ao rude serviço. Só sobrara eu,
que fora açoitado por ser pego manejando as espadas de madeira
destinadas aos pequenos senhores deste também pequeno baronato.
Acaso
vença, serei por direito de bravura o novo barão? Não importa,
porque a morte é certa.
Firmo o passo e não escondo minha presença. A garganta explode em
um grito rouco e ardido quase que com um pequeno gosto de sangue. Os
dois monstros viram-se com agilidade, seus pequenos olhos vermelhos
não escondem a surpresa e seus braços tortos e esverdeados não
tardam a achar o cabo dos machados.
Sinta
a luta. Esqueça o medo.
Arremesso uma das cadeiras de madeira pesada na direção do mais
ágil e o retardo. Com o punho firme estaco a espada no segundo
monstro. Sinto a lâmina afiada romper a fibra do tecido, contudo sem
ferir a sua carne. O primeiro mostro então golpeia-me com o machado
enferrujado e por reflexo meus pés saltam para a mesa, aterrissando
sobre ela, trêmulos. O segundo vem sobre mim afim de
cortar-me as duas pernas de uma vez, mas sobre tamanha fúria eu
salto e caio rolando sobre a palha do salão às suas costas.
Ainda
vivo. Não posso perder tempo.
Reviro-me, quase como uma serpente e em ato desajeitado rasgo as suas costas. Seu urro é feroz, tal como o de um
animal. Na espada do barão um filete de sangue negro escorre,
enquanto no fétido corselete o tecido é embebido. Aprumo então o punho e de joelhos, dou-lhe uma apunhalada. A fibra
dura de sua carne sede espaço a ponta da espada , vejo-a florescer do seu peito, banhada da negritude de seu sangue inferior.
Vitória!
Mas, uma dor mordaz toma-me! Como pude me deixar levar por erro tão
infantil? O machado do outro castigara-me e meu sangue e carne
agora diante dos meus olhos voavam pelos ares. Cônscio da aguilhada, percebi que fui atingido no ombro, por
sorte o esquerdo. Apesar que tenho certeza de que era o pescoço o
alvo pretendido por este imundo.
Preciso ter muito cuidado.
Parece-me que do meu ombro um rio de cor vermelha acaba de nascer.
Pontadas profundas levam aos meus olhos o atordoamento da dor como
pequenas estrelas escuras que invadem, fazendo-se e desfazendo-se na
visão. Mas continuo e mergulho na luta.
Machado e espada se chocam. Faíscas espalham-se no hálito acalorado
pelas cinzas das construções inflamadas. Olho fundo nos olhos
vermelhos do monstro e sinto que ele faz o mesmo comigo. Medo...
Escuto sua voz gutural balbuciar, abrindo-se em uma sorriso horrendo,
sua bocarra demonstrando seus dentes tortos e pontudos. Uma visão de
terror.
Perco as forças em meu braço. Os pés retraem-se. Tomo a espada com
as duas mãos, mas é inútil. Meus nervos dos dedos tremem. Os
joelhos cedem e minhas costas encontram o chão, enquanto meus lábios
bebem da viscosa baba que recai sobre eles, provinda da gargalhada do
assassino.
É meu fim, estou sentindo. Não! Não! Preciso ter forças.
O Machado do meu inimigo desce
sobre o meu ferimento. A minha voz é dor e minha boca é trombeta de
sofrimento. E a lâmina enferrujada devora a carne, devora nervos,
separando o meu membro do meu corpo. Meu sangue, ainda quente, toca-me
as costelas. Ainda sinto o braço, mas ele não me pertence mais, jaz ao meu lado apenas.
O desespero escala-me do estômago a garganta. Não cedo. Procuro uma
última brecha e lá está, sim, tão pequena que determinará meu
destino. Respiro. Apoio o meu pé em alguma parte do corpo do monstro
e empurro com toda a força, crio um espaço e apunhalo então a sua carne com um golpe
fraco, mas suficiente. Relaxo o pé e deixo que caia sobre a lâmina.
Escuto o grunhido do seu último suspiro e sinto o seu mau hálito. Está
morto.
As mulheres me levantam em lágrimas de felicidade, eu liberto as
crianças e sento no trono. Meu sangue escorre sobre cadáveres,
palha e rocha. Todos me olham, perdidos, assim como eu.
Seria eu agora o senhor? Não sei...
Por hoje é só!
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