quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O Rei e como lidar com a nobreza na sua mesa de RPG

 

O Rei (The King, Netflix 2019)


Quantas vezes vocês, jogadores, já criaram personagens herdeiros? Quantas gerações de nobres guerreiros e terríveis conquistadores caíram sobre os ombros jovens de seus heróis?

Como jogadores, por vezes temos a sede de ser os protagonistas da narrativa, e assim, damos a personagens iniciantes muito mais responsabilidade do que seria sábio.

Recentemente voltei a assistir o filme O Rei, produzido pela Netflix, que conta a trajetória de Henry V, rei da Inglaterra e pretendente ao trono da França durante a Guerra dos Cem Anos.

Não vou entrar na questão histórica e nem no roteiro, onde existem furos e licenças poéticas, esse não é meu objetivo. O filme, porém, serve como um divertido exemplo de como usar um personagem, ou grupo deles, como nobres em uma aventura.

Deus Salve o Rei!

Quando criamos um personagem, é comum lhe atribuir protagonismo, afinal, ali está nossa persona fantástica. Se você nunca assistiu ou leu uma obra onde um corajoso herdeiro luta por seu direito, você além de não ter alma (alerta de piada ruim), está perdendo fontes de inspiração interessantes.

A dica aqui, para mestres e jogadores, é usar a responsabilidade, ou a falta dela, e suas consequências como força motriz das intrigas palacianas e aventuras externas do grupo.

No filme citado, o jovem rei carrega uma coroa não desejada rumo a uma guerra travada desde muitas décadas antes de seu nascimento. O peso de sua responsabilidade o leva a decisões difíceis e com consequências duras durante toda a trama.

O jogador que deseja interpretar um herdeiro apenas por seu poder e influência tem muitas chances de estar criando um déspota tirano, que o narrador poderá em algum momento revelar como um dos grandes vilões do cenário.

Quando um jovem hedonista gasta fortunas em banquetes ou em equipamentos, esse dinheiro vem de uma fonte, normalmente impostos de seus súditos cansados e famintos. Quando essas ações vêm sem consequência, o personagem se afunda cada vez mais em decisões sombrias que destroem sua herança e futuro, gerando um personagem profundo, porém asqueroso.

Em contrapartida, quando o herdeiro desde o início da narrativa é posto rente à frente com provações, sejam impostas por outros nobres, ou seu próprio pai/mãe, sua personalidade cresce de forma a colocar suas decisões beneficiando aqueles que dependem mais dele: o povo.

Quando o herdeiro, que partiu em busca de mais riquezas a seu povo encontra uma espada mágica e decide enviá-la como presente ao feudo vizinho, em troca de uma aliança, a responsabilidade, a nobreza, do personagem, está aflorando.

Aqui, a máxima é ação e consequência. As ações e decisões de um herdeiro devem sim repercutir e até certo ponto, serão cruéis a ele e aos que o acompanham.

Como narrador, não tenha medo de explorar o cenário para aprofundar a relação dos personagens com o mesmo. E ao jogador, não se acovarde em interpretar aquele príncipe que idealizou quando garoto, certamente a experiência vai fazê-lo um jogador ainda mais audacioso.

Por hoje é só, logo volto com mais desses temas malucos das vozes na minha cabeça. Abraço gente, bons críticos a todos.

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