sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Que cheiro é esse vindo da cozinha?

Arte de Milivoj Ceran - https://www.instagram.com/mceran.art/


Oi pessoas interpretativas e lançadores de dados viciados, tudo bem com vocês?

Meu nome é Lucas, sou narrador e ilustrador atuando principalmente na área do RPG a alguns anos, mais de uma década e meia na verdade. 

Trago hoje uma dica simples que, a meu ver, vai trazer uma profundidade muito maior do que o esperado por seus jogadores. Sim, hoje a dica é primeiro para os mestres.

Quantos sentidos você tem?

Quero você faça um rápido exercício.

Quantas vezes você descreveu a taverna onde a aventura se inicia, apenas dizendo que os personagens estão ali, bebendo e comendo, e logo são abordados pelo velho que vai lhes propor a jornada

Não existe nada de mal nisso, acredite, mas caso sua intenção seja criar um vínculo entre os personagens e o cenário, essa descrição pouco profunda não ajuda em nada.

"Mas como eu faço isso?" Você pergunta. Simples, incauto narrador, lembre-se dos sentidos de seus jogadores, além dos personagens.

Nossas experiências passadas podem ser usadas como gatilho para experiências narrativas.

A taverna vai parecer muito mais profunda e importante quando você descrever seu chão de madeira polida, as mesas de madeira escura, com marcas antigas de copos. O cheiro salgado que vem da cozinha e se mescla com o aroma forte de álcool da cerveja local. A música de fundo cantada pela voz doce da filha do velho taverneiro.

São elementos simples, que podem ser facilmente explorados e aprofundados com alguns minutos de narrativa e com cuidado pelo mestre, e assim geram empatia com os jogadores e personagens.

Isso se estende a descrição do ambiente perigoso de masmorras: o chão malcheiroso, as paredes frias e grudentas pela s teias de aranha, o som perturbador de gotas pingando ao longe.

Ah, e lembre-se também, um pequeno humanoide de pele ocre esverdeada, mal cheiroso, com nariz e orelhas pontiagudas e cheio de protuberâncias repugnantes, portando uma lâmina quebrada e suja de uma gosma rubra seca e de cheiro forte de ferro, é muito mais aterrorizante que dizer "um goblin aparece".

Descrições que tragam elementos interessantes das criaturas faz com que os jogadores criem narrativas próprias, bestiários baseados em suas experiências, e cria um vínculo ainda mais intenso com seus personagens, que passam a enfrentar seres palpáveis, quase reais, e não apenas contra planilhas e amontoados de números.

Dito isso, anote e deixe separado palavras chave que ativem os sentidos dos jogadores, e isso facilitará sua descrição e aumentará a imersão, deixando os jogadores ainda mais tensos ao se deparar com novos elementos narrativos.

Gente, é isso, deixem nos comentários como tem sido suas experiências narrando ou como jogadores. Se essa dica te ajudou compartilha com mais gente. Obrigado por lerem, e até a próxima dica de narrativa.


2 comentários:

  1. Muito bom, detalhes que fazem muita diferença para a experiencia in-game.

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  2. show! Eu também gosto de descrever cenas de forma a explorar mais do que o sentido da visão! Isso dá mais profundidade e aumenta a imersão dos jogadores!

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