Olá pessoal! Como estão?
No post de hoje, gostaria de dar continuidade a divulgação do romance que estou escrevendo, o Crônicas do Espaço Selvagem. Este romance é baseado no meu cenário de campanha para Space Dragon e você pode acompanhá-lo através deste LINK onde os capítulos anteriores estão disponíveis. Sem mais delongas, vamos para a história.
DAN
Naquela
noite, o plano seria realizado. A
troca de monitores ocorreria em vinte minutos e duraria por volta de
três à cinco, o tempo disponível para chegar as plataformas de
convívio sem ser notado. Lá, Dan teria de vencer o medo e pular
para a plataforma de expelição de fumaça, um salto de 3 metros. Se
chegasse ao chão inteiro, deveria correr por uma centena de metros,
torcendo para que nenhum resíduo corrosivo fosse expelido no ar ou
que os guardas, os androides ou drones armados não o percebessem.
Não tinha dúvidas que o
plano arriscado era
ariscado, mas
a recompensa valeria a pena.
Pôs
sobre o ombro a pequena trouxa de pano onde colocara mais uma muda de
roupa e seguiu deixando para trás o pequeno cubículo e seu beliche
de metal que por exatos dez anos havia sido o quarto partilhado com
Baltasar. Pensou no amigo e refletiu se não estaria sendo covarde em
deixá-lo daquela forma, concluiu que não, pois ele estava cego e
por mais que gostasse dele, Dan sabia que ele nunca o seguiria para o
deserto, por ingenuidade Baltasar havia escolhido um lado diferente e
talvez até tentasse impedir o plano de alguma forma, se não fosse
tão tímido e covarde, o que era uma sorte.
A caminhada seria solitária e a
única coisa na qual poderia depositar sua esperança era a
possibilidade do destino sorrir, mas
não havia espaço para a covardia. Todos que ficassem morreriam. Dan
seguiu até o fim do corredor das portas dos dormitórios, esbarrando
em alguns dos seus companheiros de galpão e os abandonando antes que
perguntas pudessem se feitas, por fim, transpassou a porta e tomou um
desvio a direita, um caminho que poucos candidatos do Programa de
Cidadania Sideral conheciam.
O caminho estreitava-se pouco a
pouco. Não era feito para humanos, mas provavelmente para robôs de
limpeza, mas não importava, pois Dan era flexível e quando andar se
tornava difícil, arrastar o corpo esguio como uma serpente se
mostrava uma ótima solução,
mesmo com as escoriações
resultantes da passagem. Havia descoberto aquele
caminho há cinco anos, na
primeira noite em que deixou de ir ao refeitório e quando chegou ao
seu fim, sentiu-se alegre pela oportunidade
de testemunhar o céu noturno pela
primeira vez desde que chegara nas
instalações da Meliora. Naquele momento entendeu que estava em uma
prisão e que aquela trilha secreta seria, quando o tempo chegasse, o
seu caminho para longe dali.
Sentindo a barriga arder, Dan
olhou as mãos tingida de riscos vermelhos, o vento noturno trazia ao
seu rosto suado o frio do deserto que o aguardava em sua paciência
feita de areias vermelhas.
- Quer uma ajuda para se levantar?-
Escutou Dan, enquanto se preparava
para colocar-se de pé e correr. Palavras soltas como gargalhadas,
Merda!
Falou Dan. Um segundo após
se calar, uma protuberância branca tomou sua visão, causando uma
dor aguda atrás dos olhos, transformando todas as imagens do mundo
em densa escuridão. Sua bochecha vibrou e entro dentro de sua face,
as mãos desprenderam-se do chão e o seu corpo pareceu girar. A boca
encharcou-se de sangue quente.
- O que foi garoto, não consegue se levantar? Está tomando um pouco
de ar para continuar sua viagem? Deixe-me ajudá-lo a descer até o
deserto.
Sem forças para se por de pé, Dan se arrastou, tateando o chão,
buscando a abertura pela qual saíra, mas seu movimento era inútil.
Sentiu dedos percorrendo seu cabelo como se fossem serpentes,
enlaçando as mexas até segurá-las firmemente e puxá-las para
trás. A mão empurrou seu rosto em direção ao chão, Dan tentou
resistir mas fraquejou e não demorou para que toda sua face
latejasse e sangrasse ao ser usada como um esfregão.
- Já desistiu de conhecer as imponentes dunas vermelhas? Eu não
acredito nisso.
As mãos enormes ergueram seu corpo de maneira desajeitada, Dan
podia sentir cada centímetro do seu corpo gritar naquele cortejo. O
vento açoitava-lhe enquanto o cortejo seguia vagaroso em direção
talvez à beira da plataforma de onde seria jogado como lixo.
- Melhor você parar – disse alguém
- Por que deveria? Você sabe qual é o tratamento dado aos imbecis.
- Não esse. O chefe quer ele vivo.
O homem o largou no chão e suas vértebras gemeram.
- Tenho pena de você, garoto. Quando Geertz pegá-lo, preferirá ter
sido jogado nos expelidores.

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